MANUAL DO EDUCADOR
Terminologias para enfermagem
Apresentação
Na busca da compreensão da variabilidade e diversidade humana, conceitos e classificações ajudam a operacionalizar o pensamento. A ciência da informação e, mais especificamente, a área de análise documentária desenvolvem metodologias para tratamento, acesso e transferência da informação e do conhecimento, tendo em vista as necessidades e as demandas dos usuários. Para que a informação produzida nos mais diferentes contextos seja recuperada com facilidade torna-se necessário que ela esteja organizada, documentada, armazenada e disponível em algum suporte. A formação de um conceito é considerada fundamental na organização do conhecimento, porque provê os meios necessários ao reconhecimento dos objetos e seu agrupamento em unidades significativas em um domínio particular.
A Terminologia é antiga. Preocupados com os aspectos práticos da Terminologia, alguns estudiosos passaram a desenvolver reflexões sobre os termos. As últimas décadas do século XX foram marcadas por intensa produção no campo da Terminologia, sobretudo no que concerne à descrição de conjuntos terminológicos, elaboração de obras terminográficas, desenvolvimento de tecnologia adequada ao tratamento computacional de terminologias e ao planejamento linguístico. Sendo assim ela assume relevância na e para a sociedade atual, cujos paradigmas de desenvolvimento estão relacionados ao processo de economia globalizada e ao acelerado desenvolvimento científico e tecnológico.
Nos prontuários de pacientes as informações inseridas pelos profissionais de saúde, por não apresentaram um padrão formal de preenchimento, muitas vezes são ilegíveis, incompletas e ambíguas, e os termos usados apresentam pouca clareza, pois existe o emprego excessivo de abreviaturas e siglas, ocasionando principalmente em uma alta variação terminológica. No entanto, a variação terminológica é significativa e compreensível por se tratar de textos produzidos por profissionais com diferentes níveis de formação e especialidades na área de saúde.
A Terminologia tem um papel social importante em relação à comunicação, pois, através dos termos, o conhecimento técnico-científico é estabelecido e transferido de modo preciso, mesmo que possa haver variações terminológicas. O interesse no registro e processamento de dados e informações em saúde justifica-se em razão de fomentar, promover e aumentar novas descobertas, novos conhecimentos. Na saúde, o grande desafio é obter as informações nas diversas fontes para construir indicadores capazes de descrever os problemas de saúde existentes em determinada área de assistência e esclarecer a sua decisão para as pessoas. Torna-se necessário a representação adequada dos termos utilizados em prontuários de pacientes de modo a minimizar a falta de harmonização terminológica, possibilitando assim o correto entendimento das informações pelos profissionais de saúde.
TERMINOLOGIA
Competências: utilizar terminologia específica da área; uso das regras gramaticais, abreviaturas, siglas e sinais. Relacionar as ações da equipe de enfermagem na sistematização da assistência de enfermagem; a instrumentalização de conhecimentos, habilidades e atitudes que atendam as demandas básicas da sociedade. Identificar as contribuições/implicações para a enfermagem, com vistas ao desenvolvimento da competência clínica e uso dessa terminologia de modo sustentável.
PLANO DE AULA
Curso: Curso Técnico de Nível Médio em Enfermagem
Autor: Sandra Maria da Penha Conceição Unidade: Terminologias aplicadas à enfermagem Assunto: Terminologia Email: sandramariaprof@yahoo.com Objetivo Compreender conceitos, permitir ao aluno conhecer, compreender e identificar a terminologia técnica utilizada na área da saúde. Relacionar os cuidados de enfermagem nas diferentes patologias. Competências, conhecimento e habilidade, para aplicação das etapas do processo de enfermagem. Conteúdo programático
Metodologia Aula expositiva oral do conteúdo programático, livro didático com o auxílio de recursos multimídia e quadro branco. Avaliação Os alunos serão avaliados por meio de técnicas utilizadas pelo educador como pesquisa, seminários, exposições, resolução de exercícios em sala de aula, etc. bem como através de sua participação durante a aula. Bibliografia BRASIL. Terminologia básica em saúde/Ministério da Saúde, Secretária-Geral, Grupo de Trabalho – Unidade de Sistema de Desenvolvimento de Serviços de Saúde – Brasília: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1985.49 p. (Série B: Textos básicos em saúde, 8). Krieger MG, Finatto MJB. Introdução à terminologia: teoria & prática. São Paulo (SP): Contexto; 2004. |
AQUECIMENTO
O objeto da terminologia pode ser visto sobre duas dimensões – conceito e termo. Para uns é o conceito que é concebido como universal e prévio ao termo, que se reduz a uma mera denominação. Para contribuir com esse modelo de cuidado, os enfermeiros têm estudado meios de descrever os fenômenos pelos quais são responsáveis. Nesse contexto, destacam-se os registros de enfermagem como um instrumento para evidenciar os conceitos inerentes à prática de enfermagem. Percebemos a necessidade da aplicação do processo de enfermagem para melhorar a qualidade da assistência prestada aos pacientes e desenvolver conhecimentos que retroalimentarão esse processo. Estima-se que a enfermagem seja responsável por mais de 50% das informações contidas no prontuário do paciente. A documentação do seu cuidado, conforme o Processo de Enfermagem (PE) é viabilizado por meio da utilização de terminologias. O PE é um instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional e é organizado em cinco etapas: Coleta de dados (ou Histórico de Enfermagem); Diagnóstico de Enfermagem; Planejamento; Implementação; e Avaliação de Enfermagem.
O desenvolvimento tecnológico, aliado ao crescente aumento na troca de informações entre as pessoas no mundo globalizado, tem mobilizado a Enfermagem, em todo mundo, a padronizar e a universalizar a linguagem, a fim de evidenciar os conceitos da sua prática. As diferentes fases do Processo de Enfermagem favoreceram o desenvolvimento de vários sistemas de classificação relacionados com os diagnósticos de enfermagem e, posteriormente, com as intervenções e com os resultados de enfermagem, modificando o modo de pensar, de falar e de atuar dos profissionais da enfermagem. Nos serviços de saúde, os registros de enfermagem facilitam a comunicação e a continuidade da assistência. A utilização desses sistemas na prática da profissão teve grande significado para o desenvolvimento da Enfermagem, estabelecendo padrões de cuidados que podem ser utilizados em qualquer parte do mundo, bem como permitir uma melhora na qualidade da assistência, por meio da sistematização, do registro e da quantificação do que os componentes da equipe de enfermagem fornecem.
A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE) surgiu como o marco unificador, com a finalidade de atender à necessidade de desenvolver uma terminologia capaz de descrever a prática de enfermagem mundialmente e de dar visibilidade à contribuição da Enfermagem nos sistemas de informação. O CIPE é um recurso que pode ser utilizado para acomodar vocabulários já existentes por meio de mapeamento cruzado para desenvolver novos vocabulários e para identificar relacionamentos entre conceitos e vocabulários. Além disso, permite aos enfermeiros documentar sistematicamente seus trabalhos realizados com pacientes/clientes, famílias e comunidades usando diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem.
As unidades terminológicas exercem um papel de referência, pois designam uma realidade especializada, tendo uma temática específica que é demarcada pelo campo de especialidade a qual pertencem. Em terminologia os conhecimentos adquiridos em uma especialidade devem organizar-se por relações de lógica e hierarquia entre os termos.
Estudos sobre documentação mostram a necessidade de sua existência para dar continuidade ao cuidado com qualidade, destacando-se que ela deve ser apropriada e fidedigna à situação a qual pertence e que seja capaz de sustentar as decisões clínicas advindas.
A terminologia constitui a base para a estruturação do conhecimento, pelo estudo e sistematização de seus conceitos. As terminologias, como produto, são também denominadas sistemas de classificação e taxonomias de referência. Esses sistemas de classificação são instrumentos que proporcionam a utilização de uma linguagem padronizada, a qual pode ser empregada no processo de raciocínio, julgamento clínico e terapêutico, fundamentando a documentação clínica da prática profissional. Atualmente, há diversos sistemas de classificação de enfermagem que representam e organizam os elementos inerentes ao processo de enfermagem (PE), como os diagnósticos, os resultados e as intervenções de enfermagem. A utilização de um sistema de classificação de enfermagem para registro de dados clínicos no (prontuário eletrônico do paciente) permite o armazenamento e a recuperação da informação, gerando dados para pesquisa sobre a efetividade e a eficiência de um determinado procedimento, possibilitando uma comunicação formal e eficiente, colaborando para o acesso dos profissionais envolvidos na assistência às informações dos pacientes, e para a continuidade e a qualidade da assistência. Possibilita, ainda, a utilização de uma linguagem específica da área, garantindo uma comunicação clara, precisa e objetiva entre todos àqueles que compõem a equipe de enfermagem.
Os dados e as informações resultantes dos registros dos enfermeiros podem ser utilizados para o planejamento e gestão dos cuidados, previsões financeiras, análise dos resultados obtidos e desenvolvimento de políticas. O enfermeiro, ao planejar a assistência, garante sua responsabilidade junto ao paciente, uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades do paciente, garante a prescrição adequada dos cuidados, orienta a supervisão do desempenho do pessoal, a avaliação dos resultados e da qualidade da assistência porque norteia as ações. Faz-se necessário o constante estudo e aprimoramento para o desenvolvimento da linguagem de enfermagem, por serem estes fundamentais no ensino, pesquisa, assistência e gestão na área, além de contribuírem para o desenvolvimento e uso de uma linguagem padronizada, e para uma maior autonomia dos enfermeiros, o que pode refletir em uma assistência de melhor qualidade ao paciente.
DINÂMICAS
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TEXTOS PARA REFLEXÃO
SINAIS VITAIS – RESUMO TERMINOLOGIA A importância dos sinais vitais são aqueles que evidenciam o funcionamento e as alterações da função corporal. Dentre os inúmeros sinais que são utilizados na prática diária para o auxílio do exame clínico, destacam-se pela sua importância: a pressão arterial, o pulso, a temperatura corpórea e a respiração. Por serem os mesmos relacionados com a própria existência da vida, recebem o nome de sinais vitais (HORTA, 1979). As alterações da função corporal geralmente se refletem na temperatura do corpo, na pulsação, na respiração e na pressão arterial, podendo indicar enfermidade (TIMBY, 2001). Os sinais vitais (SSVV) referem-se a: temperatura (T), o pulso ou batimentos cardíacos (P ou BC), a respiração (R) e a pressão ou tensão arterial (PA ou TA).TEMPERATURAA temperatura corporal é o equilíbrio entre a produção e a perda de calor do organismo, mediado, pelo centro termorregulador. Pode ser verificada na região axilar, inguinal, bucal ou retal. A axilar é a mais comumente verificada ( embora menos fidedigna) e o seu valor normal varia no adulto entre 36 e 37,8ºC (POTTER, 1998). Termologia básica:
I – TEMPERATURA AXILAR
Observação: não deixar o paciente sozinho com o termômetro. II – TEMPERATURA INGUINAL III – TEMPERATURA BUCAL
Observação:
IV- TEMPERATURA RETAL
Observação:
PULSO Termologia básica:
Medidas de procedimento:
Observação:
RESPIRAÇÃO Como a respiração, em certo grau, está sujeito ao controle involuntário, deve ser contada sem que o paciente perceba: observar a respiração procedendo como se estivesse verificando o pulso. Terminologia básica:
Procedimentos:
PRESSÃO ARTERIAL Termologia básica:
Procedimentos:
Observação:
Referências HORTA, W. A. Processo de Enfermagem. Ribeirão Preto: Pedagógica, 1979. POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Grande Tratado de Enfermagem Prática: Clínica e Prática Hospitalar. 3.ed. São Paulo: Santos, 1998. TIMBY, B. K. Conceitos e Habilidades Fundamentais no Atendimento de Enfermagem. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. Disponível em: <https://celiacosta-enfermagem.blogspot.com.br/2012/06/sinais-vitais-resumo-terminologia.html>. Acesso em: 09 de novembro de 2016. |
TERMINOLOGIAS DE ENFERMAGEM: DA TAXONOMIA DA NANDA À CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM
A motivação para desenvolver este artigo surgiu do cotidiano das autoras, enfermeiras docentes e assistenciais, realizando pesquisas e utilizando terminologias de Enfermagem. Para tanto, foi feita uma pesquisa bibliográfica, com o objetivo de descrever, com base na literatura da área, o movimento de elaboração de terminologias na Enfermagem, a partir da Taxonomia da NANDA até a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, do Conselho Internacional de Enfermagem. Na pesquisa bibliográfica, foi estabelecido como recorte de tempo para inclusão das publicações, aqui entendidas como artigos de periódicos e livros, o período de 1990 a 2005. A leitura do material selecionado possibilitou a inclusão dos seguintes aspectos no artigo: terminologia, terminologia em enfermagem e origens e principais características da Taxonomia II da NANDA Internacional, da Classificação das Intervenções de Enfermagem, da Classificação dos Resultados de Enfermagem, da Classificação dos Cuidados Clínicos de Saúde, do Sistema Omaha e da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE). Por fim, é feito um resgate mais minucioso do processo de construção da CIPE, apresentando as modificações ocorridas em suas diferentes versões, com ênfase na Versão 1.0. Terminologia Falar de terminologias é considerado um aspecto recente na Enfermagem, diferentemente de falar de terminologias ou de linguagens especializadas, que não são um fenômeno recente, estando presentes na história da humanidade e observadas, por exemplo, entre os filósofos gregos, na língua de negócios dos comerciantes cretas ou nos vocábulos especializados da arte militar. Em relação à prática terminológica, seu desenvolvimento mais expressivo, bem como os estudos sobre o componente lexical das comunicações especializadas são relativamente recentes, situando-se na segunda metade do século XX. Observa-se que o surgimento das linguagens científicas, assim como a discussão sobre suas propriedades e peculiaridades, assume relevância em todo o período histórico, incentivando os cientistas a estabelecer padrões terminológicos em seus âmbitos de especialidade e intensificando sua preocupação com regras de formação dos termos, de modo a atribuir determinadas especificidades à sua linguagem, com o objetivo de assegurar a univocidade da comunicação científica, no âmbito internacional. É crescente o fluxo de estudos sobre terminologia na literatura, em que o termo é sob diversas concepções e aplicações. Uma concepção, bastante conhecida, remete a uma tripla noção: terminologia como disciplina, como prática e como produto dessa prática. Como disciplina, é concebida como a que se ocupa dos termos especializados; como prática, como o conjunto de diretrizes ou princípios que regem a compilação de termos; e, como produto dessa prática, como o conjunto de termos de uma matéria especializada. Terminologia é definida, também, como um conjunto de palavras técnicas pertencentes a uma ciência, uma arte, um autor ou um grupo social; e, num sentido mais restrito e mais especializado, como uma disciplina linguística consagrada ao estudo científico dos conceitos e termos usados nas línguas de especialidade. O termo é compreendido, ainda, como a elaboração de um sistema de conceitos, produto de uma sistematização realizada em um campo do conhecimento, caracterizando a Terminologia como classificadora, hierarquizante, estruturante, com termos definidos pelo conceito, com o grande objetivo de alcançar, via normalização, a precisão, e de possibilitar a comunicação profissional, sem ambiguidades. Estes aspectos da terminologia são também ressaltados quando se cita que a diferença fundamental entre um texto da língua geral e outro, de uma linguagem especializada, está no uso dos termos específicos de determinada área, que lhe conferem o caráter de especificidade, em distintos níveis de especialização, conforme o tipo de matéria e seu grau de abstração. Com base na International Organization for Standardization (ISO) (Organização Internacional de Normalização), há autores que se referem à terminologia como uma disciplina teórica e aplicada, que se serve da Lingüística, das Ciências da Comunicação, das Ciências Cognitivas, da Ciência da Informação e das especialidades particulares, sendo considerada um campo inter e transdisciplinar que envolve a descrição e o ordenamento do conhecimento (nível cognitivo) e sua transferência (nível comunicacional), tendo como elementos centrais os conceitos e termos. O objeto da Terminologia diferencia-se do objeto da Lexicologia, pois, respectivamente, uma disciplina se ocupa dos termos e a outra, das palavras. Termo é definido como uma unidade de características linguísticas similares utilizada em um domínio de especialidades. Palavra é uma unidade descrita por um conjunto de características linguísticas sistemáticas e dotada da propriedade de referir-se a um elemento da realidade. O termo é o objeto da terminologia, pois se trata de uma unidade terminológica nos seus aspectos linguísticos, cognitivos e pragmáticos, constituindo um subconjunto de signos linguísticos relativos a uma área conceitual e utilizados na comunicação especializada. Terminologia em Enfermagem Na Enfermagem, a motivação para o desenvolvimento de terminologias foi determinada pela necessidade de identificação, nomeação e classificação dos conceitos de domínio da disciplina, para atender a vários propósitos, entre os quais estavam a implementação de sistemas computacionais em cenários clínicos; o reembolso pelos serviços prestados; o ensino; a documentação das contribuições da Enfermagem para o cuidado do paciente e o desenvolvimento do conhecimento da profissão. Os estudos que focalizam a documentação na Enfermagem evidenciam sua importância para a continuidade de um cuidado com qualidade, destacando-se que a documentação dos elementos da prática profissional deve ser apropriada, fidedigna e capaz de sustentar as decisões clínicas tomadas em relação à situação que pretende retratar. Dessas prerrogativas conclui-se que, se não há documentação apropriada, os dados não podem ser utilizados para demonstrar o desempenho da Enfermagem, os custos do cuidado e a evidência de uma prática de melhor qualidade. Em quase todos os países do mundo, há problemas de reconhecimento do papel do enfermeiro, por causa de sua invisibilidade nos sistemas de informação. Assim, em ambientes clínicos, há uma crescente pressão para que os enfermeiros aceitem a responsabilidade de provar sua eficácia, e entendam que é obrigação profissional desenvolver maneiras de registrar a prática de forma a trazer mais compreensão e exatidão sobre o que fazem. Sobre essa questão, há quem afirme que, apesar de a Enfermagem realizar diariamente o planejamento, execução e avaliação de suas ações, dificilmente esses dados podem servir para comparação, pois inexiste um padrão de registro sobre os diagnósticos, intervenções e resultados das ações de enfermagem, resultando numa elaboração de planos mais intuitivos do que sistemáticos. Conforme é afirmado, se não temos uma linguagem comum para descrever, precisamente, o que fazemos, para que tipos de problemas de pacientes e com que resultados, não podemos nos comunicar com precisão com outros profissionais. Nas relações profissionais, mostra-se cada vez mais marcante a necessidade de se empregar uma Terminologia que represente a estrutura conceptual, nas relações interpessoais, na transferência de informações e na comunicação científica, pois a Terminologia constitui a base para a estruturação do conhecimento de determinada área, pelo estudo e sistematização de seus conceitos. Os diversos sistemas de classificação de termos, que foram ou que estão sendo desenvolvidos, possibilitam a documentação da Enfermagem e encontram-se relacionadas com algumas fases do processo de enfermagem, destacando-se três elementos como componentes primários da prática profissional: diagnósticos (estado do cliente, problemas, necessidades, potencialidades), intervenções (ações) e resultados de enfermagem. 10 Esses sistemas de classificação são tecnologias que proporcionam a utilização de uma linguagem padronizada, empregada no processo de julgamento clínico e terapêutico; e fundamentam a documentação da prática profissional. Entre os mais conhecidos estão a Taxonomia II da NANDA Internacional (NANDAI), a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC), a Classificação dos Resultados de Enfermagem (NOC), a Classificação de Cuidados Clínicos (CCC), o Sistema Omaha e a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE® ). O sistema de classificação da NANDA Internacional (NANDA-I) é o mais conhecido e utilizado em nosso meio. Foi iniciado, em 1973, por um grupo de enfermeiros norte americanos. A Taxonomia I, apresentava como estrutura teórica os Padrões de Respostas Humanas, que orientavam a classificação e categorização dos diagnósticos de enfermagem ou das condições que necessitam de cuidados de enfermagem. Continha uma lista de 150 diagnósticos, distribuídos em ordem taxonômica por Padrão de Resposta Humana, incluindo definição, características definidoras, fatores relacionados e/ou de risco como estrutura de apresentação) . 11, 12 Em 2001, foi publicada a Taxonomia II, num modelo multiaxial, contendo sete eixos: conceito diagnóstico, tempo, unidade do cuidado, idade, estado de saúde, descritor e topologia. Essa taxonomia apresenta-se numa estrutura teórica de 13 domínios (promoção da saúde; nutrição; eliminação/troca; atividade/repouso; percepção/cognição; autopercepção; relacionamentos de papel; sexualidade; enfretamento/tolerância ao estresse; princípios de vida; segurança/ proteção; conforto; crescimento/desenvolvimento) e 47 classes, desenvolvidos a partir dos Padrões Funcionais de Saúde de Gordon, que abrigam 188 diagnósticos de enfermagem. Toda essa estrutura foi organizada de modo a assegurar a máxima combinação entre domínio, classe e diagnóstico de enfermagem. Atualmente, a NANDA Internacional tem a perspectiva de uma nova estrutura, a Taxonomia NNN da Prática da Enfermagem, como estrutura taxonômica comum para a prática de enfermagem, incluindo dados da NANDA-I (diagnósticos de enfermagem), da NIC (intervenções de enfermagem) e da NOC (resultados de enfermagem), com possibilidade de que outros sistemas de classificação sejam incluídos. 13 O desenvolvimento da Classificação das Intervenções de Enfermagem (Nursing Interventions Classification – NIC) teve início em 1987, por um grupo de pesquisadoras do Faculdade de Enfermagem da Universidade de Iowa, com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos. A NIC apresenta uma estrutura taxonômica validada e codificada, que abrange intervenções de enfermagem voltadas para os diagnósticos de enfermagem da NANDA. Nessa classificação, a intervenção de enfermagem é definida como qualquer tratamento, baseado no julgamento e conhecimento clínico, que o enfermeiro executa para melhorar os resultados do paciente/cliente. A estrutura taxonômica da NIC comporta três níveis: o primeiro, o mais abstrato, é composto por sete domínios (fisiológico, fisiológico-complexo, comportamento, segurança, família, sistema de saúde, comunidade); o segundo é representado por trinta classes, organizadas dentro dos domínios; o terceiro compõe-se das 486 intervenções de enfermagem, agrupadas de acordo com as classes e os domínios. A intervenção de enfermagem é constituída de título, definição e atividades.14 A Classificação dos Resultados de Enfermagem (Nursing Outcomes Classification – NOC) foi desenvolvida pelo mesmo grupo que desenvolveu a NIC, e é considerada um sistema de classificação complementar à NANDA-I e NIC. Os resultados são conceitos que podem ser medidos ao longo de um continuum, o que significa que, ao invés de metas esperadas, os resultados refletem uma condição real do paciente em resposta a uma intervenção de enfermagem. Essa classificação inclui uma lista de 260 resultados (247 relacionados com o indivíduo, sete com a família e seis com a comunidade), agrupados em 29 classes e em sete domínios (saúde funcional, saúde fisiológica, saúde psicossocial, comportamento e conhecimento em saúde, saúde percebida, saúde da família e saúde da comunidade). Na NOC, cada resultado tem um título, uma definição, uma lista de indicadores objetivos e subjetivos e uma escala tipo Likert, de cinco pontos, para avaliar o estado, os comportamentos e as percepções ou os sentimentos do cliente, em momentos específicos.15 A Classificação dos Cuidados Clínicos (Clinical Care Classification – CCC), anteriormente denominada de Home Health Care Classification (HHCC), foi desenvolvida, nos Estados Unidos, como parte de um projeto da Universidade de Georgetown, para codificação e categorização dos cuidados domiciliares de saúde prestados aos pacientes que usavam o Medicare, objetivando prover, tanto as necessidades de enfermagem e outros serviços domiciliares, quanto à mensuração dos resultados obtidos. A CCC consiste em duas terminologias inter-relacionadas: a de diagnósticos de enfermagem e a de intervenções de enfermagem. Essas duas terminologias usam uma estrutura de vinte componentes (conceitos) que representam quatro diferentes padrões de cuidado do paciente: funcional, comportamento de saúde, psicológico e fisiológico. A CCC tem 146 diagnósticos de enfermagem, baseados na NANDA-I, incluindo, também, diagnósticos específicos adicionais para o cuidado domiciliar.16 O Sistema Omaha (Community Health System) é originado de uma lista de problemas de clientes, diagnosticados pelos enfermeiros em uma comunidade de saúde nos Estados Unidos. A proposta do sistema é oferecer um método para organizar, identificar e denominar o que é de interesse na prática da Enfermagem, e compreende três esquemas de classificação: de problemas, de intervenções e de resultados. O Esquema de Classificação de Problemas é uma taxonomia de diagnósticos que pode ser usada tanto por enfermeiros que atuam na comunidade, quanto por outros profissionais de saúde, supervisores e administradores. O Esquema de Classificação de Problemas segue a seguinte estrutura: Domínio, Problema, Modificador e Sinal/Sintoma. O Esquema de Intervenções é um modelo sistematizado de atividades de enfermagem para auxiliar na decisão e na documentação dos planos e intervenções de enfermagem. É organizado em três níveis: categorias, metas e informação específica do cliente. A Escala dos Resultados foi desenvolvida para medir os progressos feitos pelo cliente/paciente com relação aos problemas previamente identificados pelo enfermeiro. Apesar dos esforços desempenhados pelos enfermeiros de todo o mundo em desenvolver essas terminologias ou sistemas de classificação, nenhuma delas representava o domínio da Enfermagem, de forma abrangente. Além disso, havia o problema de não serem utilizadas universalmente, visto que traziam consigo influências culturais específicas, o que resultou no desafio da construção de uma terminologia que descrevesse a prática de enfermagem mundialmente, a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE), desenvolvida pelo Conselho Internacional de Enfermagem (CIE). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE) A proposta de desenvolvimento de uma classificação internacional dos elementos da prática da Enfermagem foi apresentada e aprovada durante o 19º Congresso Quadrienal do CIE, realizado em 1989, em Seul, na Coréia do Sul. As justificativas para sua elaboração estavam relacionadas com a falta de um sistema e de uma linguagem específica da profissão, necessários para que a Enfermagem pudesse contar com dados confiáveis na formulação de políticas de saúde, na contenção de custos, na informatização dos serviços de saúde e no controle do seu próprio trabalho. O CIE, então, iniciou o projeto, realizando um levantamento bibliográfico na literatura de enfermagem e uma pesquisa junto às associações membros do CIE, com o objetivo de identificar os sistemas de classificação usados na Enfermagem, no âmbito mundial. Como resultado, evidenciou-se a utilização de vários sistemas de classificação e a valorização da ideia do desenvolvimento de uma classificação internacional para a prática da Enfermagem. Na etapa posterior desse projeto, foram analisadas a Classificação Internacional de Doenças, CID-10, as classificações aceitas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e os quatorze Sistemas de Classificação de Enfermagem identificados na pesquisa anterior. O resultado dessa análise culminou, em 1993, na apresentação do documento denominado Nursing’s Next Advance: An International Classification for Nursing Practice – ICNP (Próximo avanço da enfermagem: uma classificação internacional para a prática da enfermagem – CIPE), que relacionou, em ordem alfabética, os elementos da prática de enfermagem identificados nesses sistemas: os diagnósticos, as intervenções de enfermagem e os resultados esperados de enfermagem. Noutra etapa desse projeto, os termos dos sistemas de classificação identificados transformaram-se em entidades de conceito, e foram agrupados e hierarquizados, resultando na construção de duas pirâmides de conceitos da CIPE, uma de fenômenos de enfermagem e uma de intervenções de enfermagem. A primeira versão dessa classificação, denominada Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem: Um Marco Unificador – Versão Alfa foi publicada em dezembro de 1996, contendo a Classificação de Fenômenos de Enfermagem e a Classificação de Intervenções de Enfermagem. O propósito era o de estimular comentários, observações, críticas e recomendações para seu melhoramento e, em consequência, iniciar um processo de retroalimentação, por meio de consulta, comprovação, avaliação e novas modificações. Nessa versão, a Classificação de Fenômenos de Enfermagem representava o domínio do cliente, que podia ser o ser humano ou o meio ambiente, numa estrutura monoaxial, em cujo ápice encontrava-se um único princípio geral de divisão. A classificação de Intervenções de Enfermagem representava o domínio das ações realizadas pelos enfermeiros em relação aos fenômenos de enfermagem, construída numa estrutura multiaxial, na qual o termo do ápice se subdividia, segundo um princípio de divisão, em seis eixos: ação, objeto, enfoque, meio, lugar do corpo e tempo/lugar. Com a publicação da Versão Alfa, foi afirmado que a CIPE fornecia um vocabulário, uma nova classificação para a Enfermagem e uma estrutura a partir da qual os vocabulários e classificações existentes podiam ser cruzados, para possibilitar a comparação dos dados de enfermagem. A CIPE constituiria uma estrutura unificadora que envolveria a nomeação, ordenação e ligação dos fenômenos que descrevem a prática da Enfermagem, incluindo o que os enfermeiros fazem relativamente a certas necessidades, para produzir determinados resultados.10 Em julho de 1999, durante as comemorações dos Cem Anos do CIE, foi publicada a CIPE Versão Beta. O foco central continuou sendo a prática de enfermagem e os componentes principais continuaram sendo os fenômenos de enfermagem, as ações de enfermagem e os resultados de enfermagem, entretanto, agora, num enfoque multiaxial. Nessa versão, a Classificação de Fenômenos de Enfermagem foi constituída de oito eixos: foco da prática de enfermagem, julgamento, frequência, duração, lugar do corpo, topologia, probabilidade e portador. A Classificação das Ações de Enfermagem continuou sendo multiaxial, mas sofreu algumas modificações nos seus eixos, que passaram de seis para oito: tipo de ação, alvo, meios, tempo, topologia, localização, via e beneficiário. Os resultados de enfermagem continuaram a ser vistos como uma mensuração da mudança de um diagnóstico de enfermagem num período determinado de tempo, após a execução das intervenções de enfermagem. Em dezembro de 2000, a CIPE foi definida como uma terminologia combinatória para a prática da Enfermagem, para facilitar o mapeamento cruzado de termos, classificações e vocabulários locais existentes. Para o CIE, a CIPE constituiria um instrumento de informação para descrever a prática de enfermagem e para prover dados que representem essa prática, nos sistemas de informação em saúde. Poderia ser usada para tornar a prática visível nos sistemas de informação em saúde e, também, para descrever e integrar a Enfermagem na pesquisa, educação, administração e gestão, e no desenvolvimento de políticas dos cuidados de saúde.10 Em 2001, foi apresentada a CIPE Versão Beta 2, que foi operacionalmente definida como uma classificação de fenômenos, ações e resultados de enfermagem, sendo os fenômenos definidos como aspectos de saúde relevantes para a prática de enfermagem. Nessa versão, em que as principais mudanças ocorridas foram correções editoriais, continuavam a existir duas estruturas de classificação, uma para os fenômenos de enfermagem (para representar os diagnósticos e resultados de enfermagem) e outra para ações de Enfermagem.10 Como a CIPE Versão Beta 2 chegou a ser utilizada amplamente, e como os grupos de enfermeiros no âmbito mundial geraram traduções e registros de análises, os coordenadores do projeto da CIPE reconheceram que a meta de um sistema de linguagem unificado que pudesse representar as necessidades dos enfermeiros no âmbito mundial não era alcançada com as estruturas e estratégia de classificação atual, pois alguns enfermeiros usavam a CIPE Versão Beta 2 diretamente, uns usavam vocabulários diferentes dos da CIPE e, por seu turno, outros usavam a CIPE Versão Beta 2 como um recurso para desenvolver vocabulários locais.10 O CIE continuou a reconhecer sua responsabilidade para unificar dados de âmbito mundial, com o propósito de prover informações válidas e consistentes sobre a prática de enfermagem e resultados dos pacientes ou clientes. O Programa CIPE pretendia ter dados de enfermagem prontamente disponíveis e utilizáveis pelos sistemas de informação dos cuidados de saúde, por todo o mundo e, para isso, a CIPE deveria representar os vocabulários de enfermagem existentes; continuar a dar suporte à representação axial da Versão Beta 2 e facilitar o desenvolvimento de vocabulários locais derivados da CIPE . Em adição, a nova versão da terminologia, a CIPE Versão 1.0, necessitava ser capaz de identificar semelhanças e diferenças entre as diferentes representações, com o propósito de comparar e combinar dados oriundos de fontes distintas. CIPE Versão 1.0 Em 2002, o Grupo Estratégico de Desenvolvimento da CIPE recomendou ao CIE a constituição de uma comissão para investigar que software poderia ser usado para dar suporte ao complexo desenvolvimento da CIPE e sua manutenção. O estudo contou com a participação de líderes mundiais, no campo de vocabulários de cuidados de saúde, com a intenção de assegurar que a CIPE Versão 1.0 fosse, de fato e de direito, consistente com os vocabulários e normas existentes. As principais recomendações emergidas do estudo foram prover uma base mais formal para a CIPE e usar software que fosse capaz de satisfazer as necessidades atuais e propiciar alguns critérios para um vocabulário completo e viável. Alguns desses critérios visavam evitar redundância e ambiguidade de termos e assegurar que os códigos associados a termos, em um vocabulário, não refletissem a estrutura hierárquica do vocabulário, critérios esses que não eram consistentes nas Versões Beta e Beta 2 da CIPE. 10 Portanto, a CIPE Versão 1.0, lançada em julho de 2005 no 23º Congresso Quadrienal do CIE, em Taiwan, é mais do que meramente um vocabulário; é um recurso que pode acomodar vocabulários existentes, por meio do mapeamento cruzado, que pode ser usado para desenvolver novos vocabulários, como uma terminologia composicional, e que pode identificar relações entre os conceitos e vocabulários, como uma terminologia de referência. Essa versão reflete as principais reformulações na direção de tornar os sistemas de classificação tecnologicamente mais fortes e, ao mesmo tempo, acessíveis ao uso dos enfermeiros. Atualmente, o CIE define a CIPE como um sistema unificado da linguagem de enfermagem, uma terminologia instrumental para a prática de enfermagem, que facilita a combinação cruzada de termos locais com as terminologias existentes. É parte integrante de uma infraestrutura de informação que conforma a prática e a política de atenção à saúde, para melhorar os cuidados dos pacientes no mundo inteiro. A CIPE é um marco importante para articular a contribuição que a Enfermagem traz para a saúde e a atenção à saúde, em todo o mundo, fomentando a harmonização com outras classificações utilizadas no trabalho dos grupos de normalização em saúde e em enfermagem. Na Versão 1.0, é apresentada uma unificação dos eixos das classificações de Fenômenos e de Ações da CIPE Versão Beta 2 (dezesseis eixos no total), consistindo em uma estrutura de classificação de sete eixos, denominada de Modelo de Sete Eixos, por meio dos quais se poderão construir tanto os diagnósticos e intervenções, como os resultados de enfermagem. Essa nova versão apresenta, explicitamente, algumas vantagens determinadas pela nova estruturação que, por ser extremamente simplificada, resolve alguns problemas das outras versões, como a redundância e as ambiguidades de termos inerentes à estrutura da Versão Beta 2.10 No novo modelo, os sete eixos são definidos, como: foco (816 termos) – a área de atenção, relevante para a Enfermagem, por exemplo: dor, expectativa de vida, eliminação, conhecimento; Julgamento (34 termos) – opinião ou determinação clínica relacionada com o foco da prática da enfermagem, por exemplo: risco, interrompido, anormal; Meios (269 termos) – a maneira ou método de se realizar uma intervenção, por exemplo: atadura, serviço de nutrição; Ação (214 termos) – um processo intencional aplicado ou realizado para um cliente, por exemplo: educar, trocar, administrar, monitorar; Tempo (60 termos) – o ponto, período, instante, intervalo ou a duração de uma ocorrência, por exemplo: admissão, nascimento de uma criança, crônico; Localização (238 termos) – orientação espacial e anatômica de um diagnóstico ou intervenção, por exemplo: posterior, abdome, escola, centro de saúde comunitário; Cliente (27 termos) – sujeito a quem o diagnóstico se refere e que é o recipiente de uma intervenção, por exemplo: recém-nascido, família, comunidade. No total, a CIPE Versão 1.0 é constituída por 1.658 termos, distribuídos nos sete eixos, os quais se destinam à composição das afirmativas diagnósticas, de resultados e de intervenções, que podem ser organizadas em grupos significativos para a prática de enfermagem e para os catálogos CIPE , definidos pelo CIE (10) como subconjuntos de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem, especificamente direcionados para uma área ou especialidade selecionada da prática, que podem satisfazer uma necessidade da prática, na construção de sistemas manuais ou eletrônicos de registros de pacientes, com o benefício de serem parte de um sistema de linguagem unificado. Na composição das afirmações diagnósticas, de resultados e de intervenções de enfermagem, o CIE recomenda regras para essa composição, seguindo o modelo de referência da Organização Internacional para Normalização, ISO 18.104 – Integração de um modelo de terminologia de referência para Enfermagem. A ISO 18.104 foi publicada em 2003, com o intuito de estabelecer um modelo de terminologia de referência para a Enfermagem, coerente com as metas e objetivos de terminologias específicas, de modo a promover uma referência unificada em saúde. A ISO 18.104 tem o propósito de fornecer uma estrutura para geração de expressões, de conceitos atômicos em uma terminologia de referência por meio da apresentação de normas para a construção de diagnósticos e ações de enfermagem, que devem ser levadas em consideração por todos os sistemas de classificação da área. Isso tornaria mais fácil o alcance dos objetivos tão almejados, a saber, a possibilidade de comparar a prática da Enfermagem no âmbito nacional e internacional, por meio da utilização dos sistemas de informação. Na ISO 18.104, o diagnóstico de enfermagem é considerado um julgamento sobre um foco ou um julgamento de uma dimensão particular de um foco. Os descritores, foco e julgamento são essenciais na construção de um diagnóstico de enfermagem. O foco pode ser qualificado em relação ao tempo e lugar, e o julgamento pode ser qualificado pelo grau, pela potencialidade, pelo tempo e pela acuidade. O descritor sujeito da informação, entidade à qual o diagnóstico se refere, pode ser um indivíduo, grupo ou ambiente físico. A ação de enfermagem é considerada um ato intencional aplicado a um alvo, por meio de uma ação, aspectos essenciais na construção de uma ação de enfermagem. Outros descritores podem ser utilizados para melhor esclarecimento, como tempo, lugar, via, meios e recipiente do cuidado.20 Desse modo, observa-se que a CIPE Versão 1.0 está adequada ao modelo da ISO 18.104, visto que apresenta os descritores mínimos obrigatórios para a construção de diagnósticos e ações de enfermagem e, ainda, outros descritores para melhor detalhá-los. Conclusão Este artigo enfocou as terminologias de enfermagem, desde a Taxonomia da NANDA-I à Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE) Versão 1.0, discorrendo sobre suas origens e principais características. São inegáveis os avanços da profissão, no âmbito mundial, inclusive no Brasil, no movimento de construção de terminologias de Enfermagem. No entanto, permanece como grande desafio a necessidade de engajamento dos enfermeiros neste processo. Assim, a expectativa dos autores é que a leitura deste artigo possa despertar nos enfermeiros o interesse pela aprendizagem e aplicação prática dos sistemas de classificação dos elementos da prática profissional; ¾ diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem ¾, entendidos como tecnologias a ser empregadas no processo de raciocínio clínico e na documentação da prática profissional. Referências Krieger MG, Finatto MJB. Introdução à terminologia: teoria & prática. São Paulo (SP): Contexto; 2004. Cabré MT. 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DICA DE FILME
Uma Lição de Vida
Ano: 2001
Gênero: Drama
Vivian Bearing (Emma Thompson) é uma professora universitária que leciona poesia inglesa e sabe, através de Kelekian (Christopher Lloyd), um oncologista famoso, que tem um câncer de ovário em estágio avançado. Assim ela terá de fazer um tratamento radical, que resultará em efeitos colaterais, mas não há outra opção, pois suas chances de cura são mínimas. Durante o tratamento Vivian analisa suas reações à doença, o tratamento e fatos marcantes da sua vida. Ela é burocraticamente assistida por Kelekian, que só se importa com o resultado sem levar em conta os efeitos que causam no paciente. Além dele há Jason Posner (Jonathan M. Woodward), um médico que foi aluno de Vivian, e Susie Monahan (Audra McDonald), a enfermeira-chefe e também a única pessoa no hospital que a trata com calor humano, calor este que ela nunca teve com seus alunos, mas, agora anseia intensamente.
BIBLIOGRAFIA E SITES CONSULTADOS
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